quarta-feira, 11 de maio de 2011

O assassinato de um “pacifista” e a desculpa do assassino: “Sinto muito, pensei que ele fosse judeu...”

Em 2006 um italiano de 25 anos chamado Angelo Frammartino adotou pontos de vista típicos da extrema esquerda, expressos numa carta a um jornal:

“Temos que encarar o fato de que a situação da não violência é um luxo em muitas partes do mundo, contudo não procuramos evitar legítimos atos de defesa... Nunca sonhei em condenar a resistência, o sangue dos vietnamitas, o sangue dos povos sob a ocupação colonialista ou o sangue de jovens palestinos da primeira intifada”.

Com o objetivo de promover suas idéias ele foi a Israel no início de agosto de 2006 para servir como voluntário com a ARCI (Associação Cultural Recreativa Italiana), uma ONG de extrema esquerda que trabalha com crianças palestinas no centro comunitário de Burj al-Luqluq, localizado no setor oriental de Jerusalém.

Porém, no dia 10 de agosto, ele foi esfaqueado duas vezes nas costas e uma vez no pescoço num ataque terrorista na rua Sultan Suleiman, perto do portão Herod em Jerusalém. Ele faleceu logo em seguida, apenas dois dias antes do seu planejado retorno à Itália. O assassino foi rapidamente identificado como sendo Ashraf Hanaisha, de 24 anos, afiliado à Jihad Islâmica Palestina. Residente do vilarejo de Qabatiya na área de Jenin, ele planejava atacar um judeu israelense, mas cometeu um engano.

Imediatamente entrou em ação a controladoria de prejuízos. A WAFA, agência de notícias da Autoridade Palestina, soltou um comunicado do centro comunitário Burj al Luqluq, condenando veementemente o assassinato: "Nada pode descrever nossas emoções pelo acontecido. Nossas reflexões estão com a família e com os amigos de Ângelo, expressamos as mais sinceras condolências." Foi organizada uma vigília em memória de Frammartino por várias ONGs palestinas. Por sua parte, a mãe dele lançou um apelo através do jornal italiano La Repubblica, para que seu filho fosse perdoado.

Em razão dessa avalanche toda, os pais de Frammartino perdoaram Hanaisha. De sua casa em Monterotondo, o pai, Michelangelo, disse: "é bem vindo e estimado o pedido de desculpas feito pela mãe do assassino", apesar do sofrimento duradouro, expressou a esperança de que o gesto dos pais "colocará um fim a esta história extremamente triste".

"Angelo trabalhava para promover a paz. A mensagem que ele procurava transmitir era maior que qualquer outra coisa... as circunstâncias confirmam que ele foi uma vítima da guerra, da injustiça do mundo. Quando falamos sobre a situação de tensão, a ausência do bom senso predomina. E não sinto ódio em virtude da maneira dele pensar, os princípios que o motivaram definitivamente não foram os de ódio ou vingança".


Comentários:

(1) Essas mensagens de ida e volta de Qabatiya à Monterotondo sintetizam um curioso e desprezível "pas de deux", com cada lado lamentando e indicando que tudo estaria bem caso a vítima de Hanaisha tivesse sido a pessoa certa: "Desculpe, eu achei que ele fosse judeu", diz a manchete do La Stampa. Os palestinos veicularam a mensagem de "desculpe, não tínhamos a intenção de matar seu filho", enquanto a família respondia "entendido, nós compreendemos que vocês cometeram um engano".

(2) Num artigo escrito para o Jerusalem Post, Barbara Sofer sugere uma excelente maneira de homenagear a memória de Angelo Frammartino, qual seja, fazendo com que a família dele se junte de maneira solidária com uma outra vítima famosa da violência palestina. Ela enfatiza que a Fundação Koby Mandell leva o nome de outra vítima brutalmente assassinada por terroristas palestinos e "oferece a experiência de acampar, com ajuda terapêutica para sobreviventes do terror ou para as famílias dos que foram assassinados... É uma fundação apolítica, trabalha com judeus e não-judeus, e ajuda na recuperação psicológica das vítimas". Ela sugere àqueles que desejam homenagear a memória de Frammartino que "apóiem esse acampamento, que ajuda a aliviar o mal terrível perpetuado por pessoas que ludibriaram e assassinaram seu filho".

(3) Mesmo que ele fosse um político extremista, todas as informações o retratam como uma boa alma. Sendo assim, isso só confirma o quanto ele estava fora da realidade em Jerusalém. Calev Ben-David destaca, também no Jerusalem Post, que sua morte é um aviso "de que os estrangeiros que vêm a esta região, mesmo com a melhor das intenções, devem em primeiro lugar compreender que eles, não menos que os israelenses – ou como na realidade, aqueles no mundo árabe que realmente querem a paz – podem facilmente ser vítimas daqueles que nesta parte do mundo têm as piores das intenções".

(4) De maneira mais crua, dada a visão idiota de Frammartino ("Eu nunca sonhei em condenar a resistência"), se ele tivesse sobrevivido à punhalada, talvez em estado de paralisia corporal completa, será que ele veria esse ataque como um ato terrorista? Ou será que ele não teria aprendido nada e ainda consideraria esse atentado um ato de legítima defesa?

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