terça-feira, 20 de setembro de 2011

Anti-semitismo árabe

"Os árabes não podem ser anti-semitas
porque eles mesmos são semitas"


O argumento de que anti-semitismo é também contra os árabes, também descendentes de Sem, não procede por ser falacioso.

Antes de qualquer coisa, deve-se ter em mente que 'semita' é um termo lingüístico, não racial.
Considerando a etimologia da palavra, anti-semitismo (ou antissemitismo) significaria, portanto, aversão aos semitas - segundo a Bíblia, os descendentes de Sem - grupo que compreende os hebreus, os assírios, os arameus e os fenícios.

O termo "semita" foi cunhado pelo historiador alemão August Ludwig von Schlözer para se referir a família de línguas das quais o hebraico e línguas relacionadas, tal como o árabe, pertencem. O termo deriva do nome Sem (Shem no hebraico), filho mais velho de Noé e ancestral dos israelitas de acordo com a genealogia bíblica. Entretanto, já que de acordo com essa mesma genealogia vários povos falantes de línguas semíticas (tais como os cananitas) descendiam de Ham, e não de Sem, o termo "semita" não deveria ser entendido como étnico, só como lingüístico.

Já o termo 'anti-semita' foi cunhado na Alemanha em 1879 pelo escritor Wilhelm Marrih (Marr) - ele próprio um anti-semita - numa altura em que a ciência racial estava na moda no país, para se referir às manifestações antijudaicas da época e dar ao ódio aos judeus um nome que soasse mais científico, substituindo assim o termo usado até então - Judenhass ("ódio aos judeus").

O significado de 'anti-semitismo' foi aceito e compreendido como ódio aos judeus. Os dicionários definem o termo como: "Teoria, ação ou prática dirigida contra os judeus" e "hostilidade contra judeus como minoria religiosa ou racial, geralmente acompanhada de discriminação política, econômica e social".

O argumento de que os árabes, como semitas, não têm como ser anti-semitas é uma distorção semântica que ignora a realidade da discriminação e da hostilidade árabe contra os judeus. Na verdade, os árabes podem ser tão anti-semitas como qualquer outro povo.

Grande exemplo disso é que foram exatamente os árabes muçulmanos que se aliaram aos nazistas desde o início.

Notas:
Não se deve confundir árabes com muçulmanos, pois existem árabes (ou, nesses casos, arabizados) não-muçulmanos, como os coptas, maronitas etc. e muçulmanos não-arabes, como iranianos, indonésios, filipinos, indianos...

Também os egípcios, libaneses, sírios, iraquianos, marroquinos e argelinos (entre outros) não são etnicamente árabes*, apenas culturalmente - ou seja, arabizados. (Ver ARAB IMPERIALISM: THE TRAGEDY OF THE MIDDLE EAST)

árabes são os nativos da península Arábica - Arábia Saudita, Iemen, Kwait...


Existe discussão se os árabes são realmente "semitas" (apesar de o termo se referir a língua, e não etnia ou raça), sendo que muitos os consideram descendentes dos kushitas, mas falantes de um idioma semita - assim como os etíopes, que apesar de descenderem dos mesmos kushitas também falam uma lingua semita.

Outro ponto importante é que nem todos os judeus são 'racialmente' semitas. Judeus e Hebreus não são a mesma coisa. O judaísmo é uma religião, não uma etnia.
Os judeus europeus (asquenazes/ashquenazim) que, de acordo com números muito inflados, representam 3/4 da população judaica atual e pouco menos da metade da população judaica de Israel são um exemplo disso (alguns estudos, no entanto, indicam que a maioria dos judeus espalhados pelo mundo são genéticamente mais próximos de outros judeus do que de seus vizinhos não-judeus).

*Sobre os árabes e seu parentesco genético com judeus e outros povos semitas:
Estudos genéticos comprovam que judeus têm grande parentesco genético com sírios, libaneses (arameus e fenícios) e com assírios (população nativa do Iraque) e que têm relação bem menor e muito mais distante com os árabes. (Ver Jews Are The Genetic Brothers Of Palestinians, Syrians, And Lebanese)

Myths, Hypotheses and Facts - Origin and Identity of the Arabs