O mundo árabe está submetido ao genocídio. Isto é verdade. Apenas que ele é auto infligido e Israel não tem nada a ver com isso.
Fato 1: desde o estabelecimento do Estado de Israel um impiedoso genocídio está sendo perpetrado contra muçulmanos e árabes. Fato 2: O conflito no Oriente Médio, entre Israel e os árabes, como um todo e contra os palestinos, em particular é visto hoje como o conflito central do mundo. Fato 3: de acordo com levantamentos levados a cabo na União Européia, Israel detem o 1º lugar como “ameaça à paz mundial”. Na Holanda, por exemplo, 74% da população acredita nisso. Não é o Irã, não é a Coréia do Norte. É Israel. Fazendo a conexão entre estes levantamentos, cria-se uma das maiores fraudes dos tempos modernos: ele é visto como o país responsável por cada calamidade, infortúnio e opressão. É um perigo para a paz mundial, não apenas para o mundo árabe ou islâmico.
O dedo está habilmente apontado. Contudo é difícil culpar Israel pelo genocídio no Sudão ou pela guerra civil na Argélia. Como isto foi engendrado? Milhares de publicações, artigos, livros, periódicos e websites são dedicados a um só propósito: configurar Israel como um estado que incessantemente comete crimes de guerra. Em Jacarta e Cartum queimam bandeiras de Israel e, em Londres, em Oslo e em Zurique, artigos de ódio são publicados defendendo a destruição de Israel.
Qualquer consulta em sites de busca da web pelas palavras ‘genocídio’ contra ‘muçulmanos’, ‘árabes’ ou ‘palestinos’, no contexto de ‘sionistas’ ou ‘Israel’ nos dará resultados intermináveis. Mesmo filtrando todo o lixo, restam milhões de publicações escritas com uma seriedade mortal.
Essa abundância traz resultados. Atua como uma lavagem cerebral. É a posição aceita e não apenas uma opinião marginal. Há apenas cinco anos testemunhou-se um show anti-Israel na Conferência de Durban. Há apenas dois anos um acadêmico israelense culpou Israel por “genocídio simbólico” contra o povo palestino. Muito barulho por nada. Existem milhares de publicações culpando Israel de genocídio, e não exatamente simbólico.
Sob o guarda-chuva acadêmico ou jornalístico, o Israel de hoje é comparado à execrável Alemanha de ontem. Como resultado brotam os que pedem para acabar com o ‘projeto sionista’. Em palavras mais simples: por Israel ser o país que comete tantos crimes de guerra e está comprometido com uma limpeza étnica e com um genocídio, ele não tem o direito de existir. Esta, por exemplo é a essência de um artigo do autor norueguês Jostein Gaarder (o autor de O Mundo de Sofia), que, entre outras coisas, escreveu: ”nós chamamos assassinos de crianças pelo seu nome”. A conclusão é de que Israel não tem o direito de existir.
Como atua a fraude?
A tragédia é que nos países árabes e muçulmanos está acontecendo um massacre. Um genocídio protegido pelo silêncio do mundo.. Um genocídio cuja fraude talvez não encontre paralelo na história da humanidade. Um genocídio que não tem conexão com Israel, com o sionismo ou com os judeus. Essencialmente um genocídio de árabes e muçulmanos, executado por árabes e muçulmanos.
Isto não é questão de opinião ou ponto de vista. Este é o resultado de exame factual, tão preciso quanto possível sobre o número de vítimas das várias guerras e conflitos que ocorreram, desde o estabelecimento do Estado de Israel, até hoje, quando o massacre continua. Trata-se mesmo de morte em escala massiva. Um verdadeiro massacre. Trata-se da liquidação de povoações e populações inteiras. E o mundo permanece silencioso. Os muçulmanos estão realmente abandonados. Eles são mortos e o mundo cala. E se ele se dá ao incômodo de abrir a boca, ele não acusa os perpetradores desses crime contra a humanidade. Ele acusa Israel.
A grande fraude que encobre os fatos reais persiste e mesmo cresce por uma única razão: a mídia e a academia no Ocidente participa dela. Em incontáveis publicações, livros, jornais e sites, Israel é descrito como um estado que comete ‘crimes de guerra’ e ‘assassinatos sistemáticos’. Às vezes por modismo, ás vezes equivocadamente, às vezes como resultado de hipocrisia e duplicidade de padrões. Às vezes trata-se do velho/novo antissemitismo de esquerda e de direita, aberto ou encoberto. A maioria dos clássico libelos de sangue foram contestados não muito tempo após seu advento. O moderno libelo de sangue contra o Estado de israel, continua crescendo. Muitos israelenses e judeus são os acessório para nutri-lo.
O conflito árabe-israelense
A colonização sionista daquela terra, iniciada ao final do séc. XIX, realmente criou um conflito entre judeus e árabes. O total dos mortos em vários confrontos até o estabelecimento do Estado, não ultrapassou a alguns pouco milhares entre judeus e árabes. A maioria dos árabes mortos naqueles anos, o foram em confrontos entre os próprios árabes, como, por exemplo: nos anos do grande levante árabe de 1936-1939. Foi um sinal do que viria a seguir. Muitos outros foram mortos como resultado do rigor e controle britânico. Israel nunca fez algo comparável.
A guerra de independência, ou Guerra de 48 deixou entre 5.000 e 15.000 mortos entre palestinos e cidadãos de outros países árabes. Naquela guerra, assim como em outras, houve realmente atrocidades. Os agressores declararam sua meta com todas as letras e, se tivessem vencido, um extermínio em massa de judeus, seria esperável. Do lado de Israel também houve atos bárbaros, mas esses remanesceram às “margens da margem”. Menos, muito menos do que em qualquer guerra nos tempos modernos. De longe, bem menos do que em nossos dias está sendo praticado diariamente, principalmente por muçulmanos, contra muçulmanos no Sudão e no Iraque.
Outro acontecimento importante foi a Guerra do Sinai, em 56. Cerca de 1.500 egípcios foram mortos, 1.000 desses nas mãos de israelenses e cerca de 650 pelas forças francesas e britânicas. Depois veio a Guerra dos Seis Dias, em 67. As mais altas estimativas, falam em 21.000 árabes mortos nas três frentes – Egito, Síria e Jordânia. A Guerra do Iom Kipur , em 73, resultou em 8.500 árabes mortos, desta vez em duas frentes – Egito e Síria.
Naquele tempo ocorreram ’pequenas’ guerras: a I Guerra do Líbano, que no seu estágio inicial era principalmente contra a OLP, e não contra o Líbano. Esta foi uma guerra dentro da guerra. Eram os anos da sangrenta guerra civil no Líbano, uma guerra que discutiremos adiante, e em que cerca de 1.000 libaneses foram mortos.
Milhares de palestinos foram mortos durante a ocupação dos territórios, que começou ao fim da Guerra dos Seis Dias. A maioria, durante as duas Intifadas. A iniciada em 1987, resultou em 1.800 mortes palestinas e a dos anos 2000 , com um número de 3.700 palestinos mortos. Entre estas houve mais ações militares causando mortes adicionais: centenas. Não centenas de milhares, certamente não milhões.
O total alcança cerca de 60 mil árabes mortos no contexto do conflito árabe-israelense. E entre eles somente alguns milhares eram palestinos, contudo é por eles e somente por eles, que Israel é alvo da ira mundial.
Cada morte árabe ou muçulmana é digna de lamento e é aceitável criticar Israel. Mas a crítica obsessiva e demonista enfatiza um fato muito mais assombroso: o silêncio do mundo, ou pelo menos, um silêncio relativo, em face do extermínio de milhões de muçulmanos por outros muçulmanos e por regimes árabes.
O custo de sangue dos muçulmanos
Deste ponto em diante precisamos perguntar quantos árabes e muçulmanos foram mortos nestes e naqueles mesmos anos em outros países, por exemplo, na Rússia ou na França, e quantos árabes -muçulmanos ou não – foram mortos pelos próprios árabes e muçulmanos. A informação aqui reunida é baseada em vários institutos de pesquisa, corpos acadêmicos, organizações internacionais (como a Anistia e outros organismos de direitos humanos), a ONU e agentes governamentais.
Em muitos casos, as diferentes organizações apresentam números diferentes e contraditórios que alcançam a casa de centenas de milhares e, às vezes, até mesmo de milhões. Provavelmente nós nunca conheceremos os números precisos. Mas mesmo os menores números aceitos, que são a base para os quadros aqui mostrados, apresentam uma imagem subversora e terrível. Acrescento que o tempo é muito exíguo para a computação dos confrontos sangrentos que ainda não foram incluídos neste levantamento, embora estes confrontos pareçam cobrar um tributo mais alto em vidas humanas que todo o conflito árabe-israelense.
Argélia – Poucos anos depois do estabelecimento do Estado de Israel, iniciou-se uma outra guerra de independência. Era a vez da Argélia contra a França, entre os anos de 1954 e 1962. O número de vítimas no lado muçulmano é controverso. De acordo com fontes oficiais, ultrapassou o milhão. Há instituições no Oeste que tendem a aceitar esta cifra. Fontes francesas no passado reclamaram de que os mortos eram apenas 250.000, com um adicional de 100.000l muçulmanos colaboradores dos franceses. Mas estas estimativas são vistas como tendenciosas e baixas. Hoje, está acima de questão de que os franceses mataram por volta de 600.000 muçulmanos. E estes são os franceses que não param de pregar sermões a Israel, este Israel que em toda a história de seu conflito com os árabes, não chegou a alcançar 1/10 daquele número, mesmo sob avaliações as mais rigorosas.
O massacre na Argélia continua. Nas eleições de 1991, a Frente Islâmica de Libertação foi vencedora. O resultado das eleições foram cancelados pelo exército. Desde então uma guerra civil entre o governo central, respaldado pelo exército e movimentos islâmicos, vem assolando o país. De acordo com várias estimativas, cerca de 100.000 vítimas, a maioria das quais, civis inocentes, formam essa trágica contabilidade. Na maioria dos casos ocorreram massacres terríveis de povoações inteiras, onde a carnificina não poupou crianças, mulheres e velhos. Um massacre em nome do Islã.
Sumário da Argélia: de 500.000 à 1 milhão de mortos na guerra de independência; 100.000 mortos na guerra civil dos anos 90.
Sudão: a pior série de crimes – Um país esfacelado por campanhas de destruição, quase todas entre árabes muçulmanos do norte, que tem o controle do país, e o sul, habitado por negros. Lá, duas guerras civis e um massacre está ocorrendo, patrocinado pelo governo no distrito de Darfur. A 1ª guerra civil, abarcou os anos de 1955 à 1972. Estimativas moderadas falam em 500.000 vítimas. Em 1983, o que houve, não foi uma guerra civil, mas um massacre sistemático definido apropriadamente como genocídio. Os objetivos eram islamização, arabização e deportações em massa, que, ocasionalmente, tornavam-se carnificina também, dado o interesse pelo controle sobre gigantescos campos de petróleo. Estamos falando de algo em torno de 1.900 milhão (um milhão e novecentas mil vítimas).
A divisão entre muçulmanos e outras vítimas não está clara. O grande distrito de Noba, habitado por muitos muçulmanos negros foi bem servido com sua porção de horrores. O fato de serem muçulmanos, não lhes garantia nenhum privilégio. Desde a ascensão ao poder do Islã radical, sob a liderança do Dr. Hassan Thorabi, a situação se agravou. Esta provavelmente é a pior série de crimes contra a humanidade desde a II G. M. Falamos de limpeza étnica, deportações, assassinatos em massa, tráfico de escravos, coação forçada às leis do Islã, tirar crianças de seus pais, e muito mais. Ao que se conhece, não existem milhões de publicações sobre o direito ao retono de sudaneses e não há petições de intelectuais negando o direito do Sudão existir.
Os anos recentes contaram tudo sobre Darfur. Novamente muçulmanos (árabes) estão matando muçulmanos (negros) e animistas, e os números não são claros. Estimativas moderadas falam em 200.000 vítimas e as mais altas em 600.000, ninguém sabe com certeza. E a matança continua.
Resumo do Sudão: de 2.6 a 3 milhões de vítimas.
Afeganistão: Aí ocorre um encadeamento ininterrupto de assassinatos em massa – domésticos e externos. A invasão da URSS, iniciada em 24.12.79 e finalizada em 2.02.89, deixou cerca de 1 milhão de mortos. Outra estimativa fala em 1.5 milhão de mortes civis e 90.000 de soldados.
Depois da retirada das forças soviéticas, o Afeganistão passou por uma série de guerras civis e enfrentamentos entre os apoiadores dos soviéticos, os Mojahidin e o Talibã. Cada grupo levava a cabo a doutrina de extermínio em massa de seu oponente. A soma das mortes nessa guerra civil após a invasão das forças de coalizão lideradas pelos EEUU em 2001 é de cerca de 1 milhão de mortos.
Há muitos que acusam, e corretamente, a carnificina ocorrida, como resultado da ofensiva para derrotar o regime Talibã e erradicar a Al- Qaida. Bem, a invasão do Afeganistão causou um número relativamente limitado de mortes, menos de 10.000. Se não tivesse ocorrido, teríamos visto a continuação de um genocídio auto-infligido, com uma média de 100.000 mortes por ano.
Resumo do Afeganistão: de 1 à 1.5 milhão de mortes, como resultado da invasão soviética e cerca de 1 milhão na guerra civil.
Somália: uma guerra civil sem fim.
Desde 1977, este estado muçulmano do leste da África está imerso em uma guerra civil ininterrupta. O número de vítimas é estimado em cerca de 550.000. São muçulmanos matando principalmente muçulmanos. As tentativas da ONU em intervir para a manutenção da paz, acabaram em fracasso, como ocorreu mais tarde com as forças americanas.
A maioria das vítimas não morreu nos campos de batalha, mas como resultado de inanição deliberada e massacres de civis em bombardeios dirigidos à população civil (bombardeios em massa de distritos oponentes, como o bombardeamento de Somalilând, que causou a morte de 50.000).
Resumo da Somália: 400.000 à 550.000 mortes.
Bangladesh: um dos três maiores genocídios.
Este país aspirou a independência do Paquistão. O Paquistão reagiu com uma invasão militar que causou uma destruição em massa. Não era uma guerra. Era um massacre. Entre 1 à 2 milhões de pessoas foram sistematicamente eliminadas em 1971. Alguns pesquisadores definem os eventos como um dos três maiores genocídios da história, depois do Holocausto e de Ruanda.
Uma comissão de inquérito designada pelo governo de Bangladesh, estimou em 1.247 milhões de mortes como resultado dos assassinato sistemático de civis pelas forças armadas do Paquistão.. Há também inúmeros relatos de esquadrões da morte, cujos soldados muçulmanos eram enviados para execuções em massa de lavradores muçulmanos.
O governo do Paquistão só interrompeu aquela matança após a intervenção da Índia, que sofreu com ondas de milhões de refugiados chegando de Bangladesh. Pelo menos 150.000 foram mortos em atos de retaliação após o recuo do exército paquistanês.
Resumo de Bangladesh: entre 1,4 à 2 milhões de mortes.
Indonésia: o massacre iniciado com a rebelião comunista.
O maior estado muçulmano do mundo compete com Bangladesh pelo título duvidoso de ‘ o maior massacre no mundo depois do Holocausto’. A matança começou com o levante comunista em 1965. Existem diferentes indicadores da mortalidade neste caso também. A estimativa melhor aceita fala de 400.000 mil indonésios mortos entre 1965 e 1966, embora avaliações mais rigorosas apontem que o número é mais alto.
O massacre foi perpetrado pelo exército conduzido por Hag’i Mohammed Soharto, que deteve o poder no país por 32 anos. Um pesquisador daqueles anos mostra que a pessoa encarregada de suprimir a rebelião, o general Srv Adei, admitiu : “ Nós matamos 2, não 1 milhão e fizemos um bom trabalho.” Por este depoimento, poderíamos ultrapassar as estimativas mais baixas, que são as mais aceitas.
Em 1975, após o fim do controle português, o Timor Leste anunciou sua independência. Em pouco tempo foi invadido pela Indonésia que controlou a área até 1999. Durante aqueles anos, entre 100.000 e 200.000 pessoas foram mortas, paralelamente à completa destruição de sua infra-estrutura.
Resumo da Indonésia: 400.000 mortos, com um adicional de 200.000 no Timor Leste.
Iraque: a destruição de Saddam Hussein
A maior parte das duas últimas décadas os ‘feitos’ foram de Saddam Hussein. Este é outro caso de um regime que causou a morte de milhões. Morte incessante. O ponto alto, foi na guerra Irã – Iraque, sobre o conflito sobre o rio Shat El Arab, na convergência do Tigre com o Eufrates. Foi um conflito que conduziu a nada mais do que destruição em larga escala e mortes massivas. As estimativas giram em torno de 450.000 e 650.000 iraquianos e entre 450.000 e 970.000 iranianos. Judeus, israelenses e sionistas, tanto quanto se sabe, não estavam por perto.
Ondas de expurgos, alguns deles politicamente motivados (a oposição), alguns étnicos (a minoria curda) e alguns motivados por religião (a minoria sunita no controle, contra a maioria shiíta), ressoaramcom um assustador número de vítimas. As estimativas variam de 1 milhão, segundo fontes locais, a ¼ de milhão, de acordo com o Human Rights Watch. Outros organismos marcam uma estimativa em torno de 1/2 milhão.
Nos anos de 1991 e 1992 houve um levante xiita no Iraque. As estimativas são contraditórias sobre o número de vítimas: entre 40.000 e 200.000. Acrescentando número de iraquianos que foram trucidados, há entre 200.000 e 300.000 mil curdos mortos num genocídio que continuou através dos anos 80 e dos anos 90.
Acima de 1 milhão de iraquianos morreram por doenças devido à falta de medicamentos – resultado das sanções impostas após a Guerra do Golfo. Hoje fica claro que estas foram a continuação do genocídio cometido por Saddam contra seu próprio povo. Ele poderia ter obtido remédios, tinha recursos suficientes para comprar comida e construir hospitais para todas as crianças do Iraque, mas Saddam preferiu construir palácios e distribuir franquias para muitos ocidentais e estados árabes. Estes fatos foram expostos pelo projeto corrupto da ONU ‘Petróleo por Alimentos’.
Os iraquianos continuam sofrendo. A guerra civil os assola – mesmo que alguns prefiram não usar este nome para o massacre mútuo entre sunitas e xiítas – ele está custando dezenas de milhares de vidas. Calcula-se que um número estimado de 100.000 pessoas tem sido mortas desde que as forças de coalizão tomaram o controle do Iraque.
Resumo do Iraque: 1,54 à 2 milhões de vítimas.
Resumo do Irã: 450.000 à 970.000 vítimas.
Líbano, a Guerra civil libanesa – Levada a efeito de 1975 à 1990. Israel envolveu-se em alguns de seus estágios na I Guerra do Líbano, em 1982. Não há discordâncias de que considerável parte das vítimas foram mortas nos dois primeiros anos.
As maiores taxas falam sobre 130.000 mortos, a maioria dos quais foram libaneses mortos por outros libaneses por motivos religiosos e étnicos, e em conexão com o envolvimento da Síria. A Síria transferiu seu apoio por entre os vários partidos no conflito. As mais altas estimativas apontam para algo em torno de 18.000 mortes devidas às ações de Israel, a maior parte dessas sendo de combatentes.
Resumo do Líbano: 130.000 mortos.
Iemen: na guerra civil, de 1962 até 1970, com envolvimento egípcio e saudita, de 100.000 a 150.000 iemenitas foram mortos e mais de 1.000 egípcios e 1.000 sauditas.
Totais do Iêmen: de 100.000 a 150.000 mortes.
Chechênia: a Rússia recusou os reclamos da República da Chechênia por independência, o que conduziu à primeira guerra da Chechênia, de 1994 até 1996. Custou vidas entre 50.000 e 200.000 chechenos. A Rússia empenhou-se muito em negociações, mas falhou clamorosamente. Isto não ajudou os chechenos, porque embora eles ganhassem autonomia, sua república ficou em ruínas.
Total da Chechênia: entre 80.000 e 300.000 mortes.
Pequenos confrontos
Da Jordânia a Zanzibar: somando-se às guerras e massacres, houve pequenos confrontos que custaram a vida de milhares e dezenas de milhares de muçulmanos e de árabes mortos por muçulmanos e árabes. Estas confrontações nem foram levadas em conta nos quadros aqui apresentados, porque, relativamente falando, os números são pequenos, embora sejam de longe maiores que os números de vítimas dos conflitos árabe- israelense. Aqui, alguns deles:
Jordânia: de 1970 até 1971 os tumultos do Setembro Negro tiveram lugar no Reino Hashemita da Jordânia. O Rei Hussein estava farto do uso que os palestinos faziam do país e de sua ameaça de tomar-lhe o controle. A confrontação, principalmente um massacre levado a efeito nos campos de refugiados, levou milhares de vidas. De acordo com estimativas fornecidas pelos próprios palestinos, foram entre 10.000 e 25.000 mortes. De acordo com outras fontes, uns poucos milhares.
Chad: metade da população do Chad é muçulmana. Em várias guerras civis, cerca de 30.000 civis foram mortos.
Kosovo: na principal área muçulmana da Iugoslávia, cerca de 10.000 foram mortos na guerra entre 1998 e 2000.
Tajikistão: a guerra civil de 1992 à 1996 deixou 50.000 mortos.
Síria: a sistemática perseguição de Hafez Assad contra a Irmandade Muçulmana terminou com o massacre da cidade de Hana, em 1982, custando a vida de 20.000 pessoas.
Irã: milhares foram mortos no início da revolução de Khomeini. O número exato é desconhecido, mas há algo entre milhares e dezenas de milhares. Os curdos também sofreram nas mãos do Irã e cerca de 10.000 deles ali foram mortos.
Turquia: cerca de 20.000 curdos foram mortos, no conflito que lá acontece.
Zanzibar: nos idos de 1960 foi concedida às ilhas a independência, mas apenas por pouco tempo. Primeiramente os árabes estiveram no poder, mas um grupo de negros constituído na sua maioria por muçulmanos massacrou o grupo árabe, também muçulmano, em 1964. A estimativa é de que entre 5.000 e 17.000 foram mortos.
Assim mesmo este não é o fim da lista. Houve mais conflitos com um número de vítimas desconhecido nas repúblicas da antiga União Soviética, com populações de maioria islâmica (como a guerra entre o Azerbaidjão e a Armênia sobre Nagurno Karabch), e um controverso número de muçulmanos que foram mortos em populações mistas da África, como a Nigéria, Mauritânia ou Uganda (nos anos do reinado de Idi Amin Dada que começou em 1971, cerca de 300.000 ugandenses foram mortos. Amin definia a si mesmo como muçulmano, mas em contraste com o Sudão, é difícil dizer que o pano de fundo da matança tenha sido muçulmano, e certamente não foi árabe).
“ Destruir a entidade sionista”
A tudo acima, pode-se acrescentar estes dados: a maioria dos árabes mortos no quadro do conflito árabe-israelense, o foram como resultado de guerras instigadas pelos árabes pela recusa de reconhecer a decisão da ONU com respeito ao estabelecimento do Estado de Israel, ou a sua negativa de reconhecer o direito dos judeus de se auto-definirem em um país.
O número de israelenses mortos pela agressão árabe esteve relativamente longe dos números de árabes mortos. Na guerra de independência, por exemplo, mais de 6.000 israelenses de uma população total de 600.000 foram mortos. Isto significa 1% da população. Em comparação, as mortes árabes na guerra contra Israel vieram através de sete países. Cujas populações já ascendiam à casa das dezenas de milhões. Israel não sonhava, não pensava e não queria destruir nenhum estado árabe. Mas a meta ostensiva dos exércitos atacantes era “liquidar a entidade judia”.
Obviamente, nos anos recentes, as vítimas palestinas receberam a esmagadora atenção da mídia e da academia. Nos fatos de Gaza, eles cobrem apenas um pequeno percentual da totalidade da soma das vítimas. A totalidade de palestinos mortos por Israel nos territórios alcança vários milhares, 1.378 na primeira Intifada e 3.700 desde o início da segunda Intifada.
Isto é menos, por exemplo, do que as vítimas muçulmanas massacradas pelo anterior presidente da Síria , Hafez Asssad em Hama, em 1982. Isto é menos do que o rei Hussein massacrou em 1971. Isto é menos do que o número dos que foram mortos em um único massacre dos bósnios muçulmanos pelos sérvios em 1991, em Srebenica, um massacre que deixou 8.000 mortos.
Cada pessoa morta é algo deplorável, mas não há maior calúnia do que chamar as ações de Israel de ’genocídio’. E mesmo assim, o tópico ‘Israel’ e ‘genocídio’ no site de busca Google, conduz a 13.600 milhões de referências. Ao digitar ‘Sudão’ e ‘genocídio’ você obterá menos de 9 milhões de resultados. Estes números, se assim estiver disposto, sâo a essência da grande fraude.
Nada iluminista, tampouco brutal
Um outro fato: desde a II G.M., o conflito Israel – palestinos é o conflito nacional com o mais baixo número de vítimas, mas que ganhou o maior número de publicações hostis a Israel na mídia e na academia.
Pelo menos meio milhão de argelinos morreram durante a ocupação francesa. Um milhão de afegãos morreu durante a ocupação soviética. Milhões de muçulmanos e árabes foram mortos e trucidados nas mãos dos próprios muçulmanos. Mas o mundo inteiro parece estar a par de Mohamed al-Dura (cuja morte foi lamentável, mas sobre a qual permanecem dúvidas se realmente foi morto por fogo israelense).
É possível e aceitável criticar Israel. Mas a crítica excessiva, obsessiva e, ás vezes, antissemita, serve também como acobertamento e, em alguns casos, como aprovação do genocídio de milhões de outros.
Ocupação não é humanismo e não pode ser iluminista. Mas se tentarmos criar alguma escala de ‘ocupação brutal’, Israel ficará por último. E Isto não se trata de opinião.
E o que poderia ter acontecido aos palestinos, se em vez da ocupação israelense, estivessem sob ocupação iraquiana? Ou sudanesa? Ou mesmo francesa ou soviética? É altamente provável que teriam sido vítimas de genocídio, na pior das hipóteses, e de assassinatos em massa, expurgos e deportações na melhor delas.
Mas por felizmente para eles, se assim se pode falar, estão sob a ocupação de Israel, e eu repito, mesmo se não exista algo como ‘ocupação iluminista’ e mesmo que seja aceitável e possível criticar Israel, não existe e nunca existiu uma ocupação com tão poucas perdas de vida (certamente há outros danos não manifestados nos números de mortes, como o problema dos refugiados, que serão discutidos posteriormente).
Na tela ética da televisão
Então, por que a impressão do mundo é a oposta? Como acontece de não haver conexão entre fatos e números e a tão demoníaca imagem de Israel no mundo?
Há muitas respostas. Uma delas é que a ética ocidental tornou-se a ética das câmaras de televisão. Se um terrorista palestino ou um homem do Hizbolah tenta disparar um foguete no meio de uma vizinhança civil e Israel retalia, causando a morte de duas crianças, haverá um sem fim de manchetes e artigos pelo mundo dizendo que “Israel mata crianças”. Mas se aldeias inteiras são destruídas no Sudão ou cidades inteiras são arrasadas na Síria, não haverá câmeras de televisão na área.
Assim, de acordo com a moral televisiva, José Saramago e Harold Pinter assinam petições protestando contra o ‘genocídio’ e ‘crimes de guerra’ perpetrados por Israel. Eles também nunca leram a Convenção de Genebra. Provavelmente não sabem que, exceto por pouquíssimas exceções, os atos de Israel contra alvos militares que colateralmente atingem civis, são permitidos pela Convenção de Genebra (protocolo 1, parágrafo 52.2). E, pelo fato dessas pessoas estarem tão submersas na moralidade da televisão, elas não assinarão nenhuma petição em protesto pelo genocídio de muçulmanos contra muçulmanos. O assassinato pelo assassinato. A eles é permitido isto.
A ética da televisão é uma tragédia para os próprios árabes e muçulmanos. Israel paga caro por causas dela, mas os árabes e muçulmanos são as suas reais vítimas. E a continuar a moralidade das telas e monitores, os árabes e muçulmanos continuarão a pagar o preço.
Epílogo
Há os que reclamam que os estados árabes e muçulmanos estão imunes à critica porque não são democráticos, mas Israel é mais merecedor de críticas por ter pretensões democráticas. Clamores como estes constituem em orientalismo no que tem de pior. A suposição encoberta é a de que os árabes e muçulmanos são as crianças atrasadas do mundo. A eles é permitido. Isto não só é orientalismo. Isto é racismo.
Os árabes e muçulmanos não são crianças, e não são retardados. Muitos árabes e muçulmanos sabem disto e escrevem a respeito. Eles sabem que somente o fim desta auto-ilusão e uma tomada de responsabilidade, conduzirá a mudanças. Eles sabem que enquanto o Ocidente os tratar como desiguais e irresponsáveis, estará promovendo não só uma atitude racista, mas também, e principalmente, a continuação dos assassinatos em massa.
O genocídio que Israel não está cometendo, o que é completamente injurioso, esconde o verdadeiro genocídio, o silencioso genocídio que os árabes e muçulmanos estão realizando, principalmente contra eles mesmos. A calúnia tem que parar para que se possa prestar atenção na realidade. É do interesse dos árabes e muçulmanos. Israel paga em imagem, o que eles pagam em sangue. Se alguma moralidade restou ao mundo, esta teria que ser em benefício de quem, seja ele quem for, tiver um pingo dela em si mesmo. E, se tal acontecer, será uma novidade pequena para Israel e grande, a maior das notícias para árabes e muçulmanos.
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